Fomento
No prato, mais do que sabores a (re)descobrir
Evento em Pelotas, nesta sexta-feira, reúne os três principais especialistas brasileiros em Plantas Alimentícias Não Convencionais
Divulgação -
Três especialistas em Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc) estarão reunidos em Pelotas nesta sexta-feira (6). A nutricionista de Porto Alegre, Irany Arteche, o agrônomo da Embrapa de Brasília, Nuno Madeira, e o botânico, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Manaus, Valdely Kinupp, referências brasileiras no assunto, irão participar do 2º Agropanc - Panc e a geração de renda. Serão oito horas de discussões e de aprendizado, em uma programação variada que inclui palestras, caminhadas para identificação de plantas, preparação de alimentos e troca de sementes e de mudas.
O público também será diverso. Agricultores, estudantes, representantes de restaurantes, chefs de cozinha e integrantes de redes de Economia Solidária ficarão lado a lado em busca de conhecimento. O tema desperta cada vez mais interesse. No campus da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), em São Lourenço do Sul, virou inclusive projeto de extensão: o Panc Pop, com objetivo de popularizar o uso das Plantas Alimentícias Não Convencionais.
E é fácil de entender como nasceu o Panc Pop. De um lado, o município dedica-se à agricultura familiar e à produção de alimentos. De outro, o campus lourenciano da Furg possui quatro cursos de graduação, todos voltados para Sustentabilidade: Tecnólogo de Gestão Ambiental, Tecnólogo de Gestão de Cooperativas, bacharelado em Agroecologia e licenciatura em Educação do Campo. Fomentar a produção e a comercialização das Panc, principalmente, entre agricultores agroecológicos - que não utilizam insumos nem agrotóxicos - foi um caminho natural, explica a professora Jaqueline Durigon.
"São alimentos que atualmente geram interesse tanto do ponto de vista nutricional, quanto econômico, com feiras agroecológicas e chefs de cozinha demandando", destaca a bióloga. E recorre ao exemplo da ora-pro-nóbis, tradicional em alguns estados do Brasil como em Minas Gerais, com alto valor nutritivo: em peso seco pode chegar a até 23% de proteína. "O que é muito para uma planta", reforça a doutora em Botânica.
Há muito a ser descoberto
As Plantas Alimentícias Não Convencionais não se restringem a hortaliças. Frutíferas nativas, rizomas, batatas, tubérculos e condimentos também estão à espera de ser (re)descobertos. E o conceito das Panc ultrapassa alimentação e botânica. "É um conceito que agrega todas as nossas urgências. Urgência de saúde pessoal, urgência de cuidado com o meio ambiente, urgência de coisas novas, urgência de sair da rotina e da monotonia. Urgência de descobrir, enfatiza a nutricionista Irany Arteche.
E é o que Irany buscará fazer durante o 2º Agropanc: provocar inspirações, não só para o público perceber novos sabores e possibilidades - que enxerguem a agroindústria para além de geleias e de conservas -, mas também para ganhar intimidade com os alimentos. É um convite para unir passado e futuro. "É uma junção entre este passado de sabedoria, de nutrição e de biodiversidade, que garantiu às pessoas se alimentarem sem um supermercado, sem um rótulo e sem uma embalagem, com o futuro", afirma. "E é um futuro que tem que sobreviver a este nosso modo de vida atual, a todas as tecnologias, a todas as mudanças que ocorreram com o ser humano e, por consequência, no meio ambiente."
O desafio, portanto, está lançado.
Nesta 2ª edição, o Agropanc tem o foco voltado à geração de renda.
O evento será realizado nesta sexta, das 8h30min às 16h30min, na Embrapa Estação Experimental Cascata, no quilômetro 88 da BR-392.
A realização é conjunta e envolve Furg, Embrapa, Centro de Apoio à Agricultura de Base Ecológica (Ceaabe), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Cooperativa Mista dos Pequenos Agricultores da Região Sul (Coopar/Pomerano) e VerdeNovo.
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